É esperar, dizem eles, é ir aguardando, dizem eles, e entretanto nós vamos esperando...
Mas eu sou um gajo de números, um gajo de percentagens, um gajo de intervalos fechados, e não quero esperar sem saber quanto tempo tenho de esperar, sem saber as probabilidades do resultado, sem poder fazer nada.
Fale com ela, dizem eles, vá-lhe dando umas festinhas, dizem eles, que a sua voz é familiar, o seu toque conhecido, pode ser que ajude a ter alguma reacção, dizem eles...
Mas o que eles não sabem é que ela é surda que nem uma porta, mas eu vou falando, sentido-me parvo por estar a falar "sozinho" num quarto, e dou-lhe a mão, ela mexe-se mas não é para me apertar a mão, é apenas movimento, sem propósito aparente...
Vê lá se te despachas, que tens coisas para fazer "cá fora".
Quero fazer-te cócegas, ver-te refilar quando digo que te vou dar um gato, ver-te rir quando toda a gente ri, apesar de não teres percebido nada porque estás cada vez mais surda...
Quero ver o "filme" que vai ser convencer-te (sim, porque o meu lado teimoso veio de ti, de certeza) que estiveste "fora" uma série de dias...
Despacha-te que essas coisas não são para ti...
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